Nanquim&Celulóide # 12: Gantz (2000-2013)

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Fala moçada! Tudo bem? Curtindo muito o Carnaval? Hoje volto com mais um post de "Nanquim&Celulóide", dessa fez falando de um dos mangás/animes modernos que eu mais curto: Gantz! Esse vai ser mais um post estilo lado A/lado B. Primeiro vamos falar do mangá, que se encerrou ano passado, e no próximo post vamos falar um pouco sobre o anime que adaptou o início do mangá. Então sentem na cadeira e venham comigo para a sala da esfera negra!

Boa leitura e não deixem de comentar!

R.

Lado A: O mangá: Gantz (2000-2013)

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Gantz é uma criação de Hiroya Oku (1967- ), talvez um dos mangakás mais doidos que eu já li. Seu primeiro mangá foi um seinen chamado "Hen", que foi publicado de 1988 à 1992, totalizando 13 volumes encadernados. "Hen" gira em torno da trama de um homem que vira mulher (nada muito original, pelo que parece). Essa série foi publicada na revista semanal "Weekly Young Jump", a irmã mais velha da famosa "Shonen Jump". Só que a "YJ" publica só seinen e nela vimos coisas mais "adultas", como "Elfen Lied" e, é claro, "Gantz".

Capa do primeiro volume encadernado de Hen (FONTE:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/3/3c/Hen-Manga-Cover.jpg).

 Após o sucesso de "Hen", Oku iniciou a publicação de "Zero One" em 1999, também na Young Jump. Esta série não emplacou e acabou terminando com apenas 1 ano de publicação (1999-2000) e totalizando 3 volumes encadernados. De acordo com a sinopse na Wikipédia, "Zero One" tratava sobre um torneio de videogames.

Capa do volume 1 de Zero One (FONTE:http://img44.imageshack.us/img44/4694/zerooneimangacover.jpg).

Finalmente, em 2000, o autor iniciou sua obra mais famosa até então: "Gantz". A saga de Kurono e Katou conquistou não só o Japão, mas também o mundo, rendendo 13 volumes, um anime com duas temporadas, game para o PS2 e até mesmo uma adaptação para os cinemas que foi dividida em dois longa-metragens. Com tudo isso não é exagero afirmar que "Gantz" foi o trabalho que lançou Oku para o mundo.

O autor de Gantz com roupa de casamento (?) (FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM_GefELMp7CtbWemqjYYxpIGxiPuUbJnLUb2K0guOvl0ZdDIzzQFOwuMtqB2qGglLg6XvBLCZbZJFIVSvOIKlyAULeG0dXKuiighxiVgRh89fXYIA_6iReoGe9Q_RcBhCocwU0tn74ng/s1600/384776_526178287409981_1218535100_n.jpg).

Assim como muitos outros mangakás, o primeiro passo para entrar no mundo editorial de Hiroya Oku foi vencendo um prêmio de novos talentos, no caso o Youth Manga Awards de 1988. Curiosamente ele não ficou em primeiro lugar na competição, mas descolou um vice que lhe rendeu sua primeira publicação (o Hen). Quanto ao primeiro lugar, bom, sei lá :S

Algo que chama a atenção em Gantz e, pelo que vi, suas outras obras são os belos traços (mais realistas do que a maioria dos mangakás), lindas mulheres e muita violência. Fora as cenas de sexo que vivem pipocando pelas páginas. É, nosso amiguinho é um verdadeiro tarado :P De acordo com suas próprias palavras, o que ele mais gosta são "garotas no mangá com rostos infantis e grandes peitos que parecem pular na gente" (FONTE:http://en.wikipedia.org/wiki/Hiroya_Oku). É, lendo Gantz a gente percebe muito bem isso :P

Paralelamente a Gantz, nos anos de 2006-2007, Oku lançou também uma série curta de três volumes intitulada "Me~Teru no Kimochi", sobre um hikikomori (pessoa que vive isolada em casa) que se apaixona por sua madastra :S É, vão vendo ¬¬

Capa de um dos capítulos de Me~Teru no Kimochi (FONTE:http://m.mhcdn.net/store/manga/2490/01-006.0/compressed/meteru_no_kimochi_v01_c06_p001.jpg?v=11213586183).

Confesso que só li Gantz, então fica difícil falar alguma coisa mais profunda sobre a obra do "homê", mas vendo todas essas imagens dá até vontade de ler esses outros mangás,hehe.

Uma coisa interessante sobre Gantz é que ele é o primeiro mangá (de acordo com as notas na edição nacional) a fazer uso de cenários computadorizados. Calma, não que o mangá seja computadorizado,rs. Só que os cenários de fundo e alguns detalhes foram feitos em computador. Longe de denegrir a arte do mangá, eu até acho o resultado bem legal.

Free-talk do autor explicando como ele usa o CG para compor o mangá (FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUochX2A8wT8XdecdD56mIIj1qbPy6W5Vd-ZNBAb6t1NxDi9j8HvH2oXuYNPFbgU50bnmi-lR5HUjTvMHihlmvYe_NXbJkcDfRlKGEquIgT92Fc-RW5RaU4I4TzN8z9ULJthwwmtpiKdU/s400/gantz+manga+1.jpg).

Já que citei a publicação nacional, Gantz chegou no Brasil via a Panini Comics, assim como Bleach e Naruto. E como seus irmãos shonen, Gantz também foi publicado no tradicional formato da Panini, com número de páginas igual à da edição original japonesa. Por conta de inicialmente ser publicada mensalmente, a edição nacional acabou sofrendo atrasos por conta de ter alcançado a edição japonesa. Mas pelo que eu me lembro a última edição foi lançada quase que simultaneamente com a edição encadernada japonesa, algo que é um feito impressionante. Por falar nisso, ambas as edições terminaram no volume 37.

Capa da edição nacional (FONTE:http://mlb-s1-p.mlstatic.com/manga-gantz-volume-17-editora-panini-11534-MLB20045518578_022014-F.jpg).

Antes de entrar na história do mangá, fica uma curiosidade que me pegou de surpresa durante a pesquisa: Hiroya Oku foi character design de um dos personagens do jogo "Soul Calibur IV" para PS3/X-Box 360, produzido pela Namco Bandai. Ele foi o responsável por desenhar Shura, que é uma mulher... peituda :S (alguém duvidava?).

Shura de Soul Calibur IV (FONTE:http://86bb71d19d3bcb79effc-d9e6924a0395cb1b5b9f03b7640d26eb.r91.cf1.rackcdn.com/wp-content/uploads/2008/05/shura-in-soul-calibur-4.jpg).

 Bom, acho que isso é tudo. Ah, antes que me esqueça: "Hen" foi adaptado para uma série live-action e pelo que li as cenas mais quentes ficaram guardadas para o VHS (hum, preciso achar isso :3).

Certo, após essa introdução, vamos para Gantz!

- A morte é só o começo...

FONTE:http://i39.mangareader.net/gantz/1/gantz-30805.jpg

Gantz conta a história de Kurono Kei, um jovem estudante japonês que não está nem aí para os outros e quer mais é que o mundo se exploda. Isso é bem demonstrado no começo do mangá, quando ele está em uma estação de metrô e presencia um mendigo cair nos trilhos. Seu pensamento é: "eu vou ver alguém morrer ao vivo!" :P Só que isso não acontece, pois na estação também está Masaru Katou, um antigo colega de escola de Kurono que o considerava um herói quando os dois eram crianças. Katou era o típico covarde quando pequeno, mas graças as atitudes heroicas de Kurono, ele desenvolveu um senso de justiça e heroísmo que agora superam o do próprio ídolo de outrora (mesmo que às vezes ele faça isso sentindo medo). Ao ver a cena, Katou não só se dispõe a ajudar o mendigo a sair dos trilhos antes que o metrô o atropele, mas também reconhece que é Kurono quem está do seu lado. Antes que possa dizer alguma coisa, Kurono está ajudando Katou a tirar o mendigo dos trilhos. Contudo, o resgate não sai como esperado e o metrô se aproxima da estação. Mas Katou tem uma ideia: correr até o extremo da plataforma, esperando assim que o metrô pare para os passageiros desembarcarem. Parece o plano perfeito, mas eis que alguém na plataforma avisa que aquele metrô não para nesta estação e então... o metrô atropela e mata os dois amigos!

Nosso herói no primeiro capítulo da história (imagem do anime) (FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA8-B7LWtuCulC4i6N271yK1ogOy0u19FoYFjyJj8cPI-TGfOhF6Iy8RspDRj65H2ygLxIC9-xIONgTeqRMJ2Yz1wEnUqKkc17Yc6UL-oFGG9Pf9mHybWoIvxyu97YmhGlcNW9gWLKjek/s1600/Gantz-03.jpg).

Mas como diria o Zé do Caixão, "a morte é só o começo", pois Kurono e Katou se vêm não no céu ou no inferno mas dentro de um apartamento em Tóquio, em uma sala com uma esfera negra no centro e mais outras pessoas desconhecidas que parecem ter ido parar lá do mesmo modo que ele. A putaria se inicia quando da esfera começa a surgir (por feixes de raios teletransportadores) uma mulher completamente nua e molhada :3

Kei Kishimoto (FONTE:http://img1.wikia.nocookie.net/__cb20130929171630/gantz/images/c/cb/Gantz_04x04_-038-_chapter_cover.png).

Conforme a história se desenrola, descobrimos que todos estão presos no quarto do apartamento e a última lembrança deles é estar morrendo. Dentre os participantes do quarto destacam-se, além de Kurono e Katou, Kei Kishimoto (a peladona que se suicidou na banheira), um garoto misterioso chamado Joichiro Nishi e um cachorro :S

Após algumas discussões de como sair do quarto, eis que a esfera negra começa a tocar uma música (a famosa Radio Taiso, uma música que toca nas praças japonesas para a prática de exercícios) e exibe uma mensagem perturbadora: " A vida de vocês já era. O que vou fazer com vocês daqui para frente é problema meu. Essa é a teoria."

A esfera negra (FONTE:http://static.comicvine.com/uploads/original/3/33018/648999-guns.jpg).

 - As regras do jogo.

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Com as poucas informações que possuem e algumas dicas de Nishi (que parece estar na sala a mais tempo que todos), descobrimos que a missão dos "recém-falecidos" é casar aliens que vivem ocultos no planeta Terra. Para isso Gantz (esse é o nome da esfera) fornece armas e um traje especial que aumenta a força e protege seu usuário de danos, além é claro de teleportar os "caçadores" para o local onde o alien se encontra (que quase sempre fica no Japão). As armas são como revólveres que lançam nano-explosivos. Estes explodem após um certo tempo e causam efeitos bem gore nos atingidos. 

Urgh! Isso deve ter doido (FONTE:http://panamawarez.files.wordpress.com/2012/05/tumblr_m2i2byv5nl1rqm98co1_1280.jpg?w=627).

Os trajes conseguem maximizar a força muscular do usuário, fazendo com que seus socos, chutes e mesmo saltos fiquem muito mais poderosos. Só que o traje tem um limite e caso ele tome muito dano (como um tiro com a arma mesmo) sua proteção acaba e então o usuário está lascado. Ah e outra coisa: se a pessoa morrer na missão é game over. Mas Gantz consegue "curar" aqueles que voltam aos pedaços para sala, desde que eles ainda estejam vivos.

Na primeira missão, Kurono e cia devem perseguir um sujeitinho chamado "Neji-seijin" (Alien Cebolinha, em tradução literal). A esfera sempre faz piadas com os aliens e mesmo os caçadores, dando apelidos para eles e zuando seu mau desempenho. Inclusive, ela se comunica por escrita que aparece em sua superfície negra usando uma linguagem da internet chamada LEET. 

Após o final da primeira missão, que acaba em um verdadeiro massacre, os sobreviventes retornam a sala para descobrir que Gantz atribui pontuações para eles de acordo com o desempenho. E mais: Nishi revela que caso alguém consiga 100 pontos, poderá se libertar para sempre da sala. Essa então passa a ser a primeira ambição de Kurono, Katou e Kishimoto. Mas as coisas não são simples como parecem...

- Roteiro suicida...

Katou (FONTE:http://img1.wikia.nocookie.net/__cb20130729223115/gantz/images/e/e4/Kato_Gantz.jpg).

Uma coisa que chama a atenção de quem começa a ler Gantz é o fato de que nenhum personagem está 100% seguro! Qualquer um deles (e eu falo sério) pode morrer a qualquer momento. E você se engana se pensa que as missões duram apenas alguns capítulos: não é raro termos missões que duram mais de dois volumes. E nisso vão surgindo novos personagens, sendo que alguns sequer duram uma missão e já vão pro vinagre :S A regra é não se apegar muito,rsrs.

Outra curiosidade sobre os personagens é que muitos deles, os secundários claro, são inspirados em personagens famosos, como Lara Croft (Tomb Raider) ou Golgo 13 (do mangá de mesmo nome). Oku vive brincando com referências no mangá, até mesmo no que diz respeito aos inimigos. Temos por exemplo a raça de "aliens do anel" que se parecem com aqueles cavaleiros negros dos filmes da série "O Senhor dos Anéis". Há ainda algumas referências exclusivamente japonesas, como o alien da segunda missão, que é baseado em um cantor japonês chamado Tanaka Seiji e na série vira o Tanaka Seijin (seijin é algo como alien ou habitante de um planeta tal, e todos os aliens de Gantz têm isso no nome).

O Tanaka Seijin (FONTE:http://s1.tsuki-board.net/pics/encyclopedia/13972.jpg?t=1295392088).

Enquanto não estão caçando aliens, os caçadores têm que continuar sua vida fora da sala de Gantz e o mangá também dá enfoque nessa parte, mostrando como cada um está lidando com o fato de ter uma vida dupla. Claro que nem tudo é drama, porque alguns resolvem usar as armas que ganharam fora da sala, o que se mostra não ser uma boa ideia...

- Mistério que prende!

FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKwZ-anjLW-1-nnSWmURQOzdnfTqUeDpNK_VpmCmL3AQuZiT-vPQ6vMuP78PjaIiaby-GMB_R9yofh57zKwzGnwoNzvDS3KJ4YG3Hi9JOg4VVNMuGdYd6NmNHAjvE7k0A1AL_TRsBZ322V/s1600/237447_papel-de-parede-gantz-237447_1280x1024.jpg

Mais do que lutas sanguinolentas ou peitos abundantes, o que me fez continuar lendo Gantz durante seus 383 capítulos foi o mistério central da série: afinal, o que é a esfera negra e porque ela recruta seres humanos mortos para caçar os aliens? Infelizmente a resposta demora muito para vir (ainda que durante o mangá surjam algumas dicas que nos deixam interessados) e não é exatamente satisfatória e 100% explicadinha como muitos desejariam. Nisso Gantz me lembra muito a série americana LOST. Inclusive, quando comecei a ler o mangá acompanhava a série e já no primeiro volume tive essa impressão. Não que ambas tenham muito em comum no enredo, mas sim no fato de termos um mistério central que é trabalhado bem sutilmente ao longo da obra.

De qualquer modo, eu só posso recomendar Gantz para aqueles que procuram uma obra com um conteúdo mais adulto, no que diz respeito a sangue e sexo, visto que o enredo em si não é tão profundo quanto outros mangás seinen.

E é isso. Na segunda parte vamos falar um pouco sobre o anime de Gantz e focar principalmente nas suas diferenças com o mangá, visto que a história é praticamente a mesma.

Obrigado pela leitura e até mais!