domingo, 9 de dezembro de 2012

Sessão da Meia-Noite #4: O Chamado (The Ring) (2002)

FONTE: http://thatwasabitmental.com/2012/02/23/thering2002/
Fala moçada! Quase 5 meses depois do último post da "Sessão da Meia-Noite" (ainda lembram que filme foi?Rsrs) retorno para falar de um dos meus filmes favoritos e também um dos filmes de terror mais importantes da última década (exagero? acho que não): The Ring (O Chamado)!
Se você ainda não conhece a maldição de Samara Morgan, venha comigo e descubra quais motivos tornam este filme obrigatório para os fãs do terror! E se já conhece, vamos revisitar esta "clássico moderno", que infelizmente tem caído no esquecimento das novas gerações, apesar de não ser tão antigo assim.
Então, apaguem a luz, coloquem o VHS no video cassete e preparem-se para mergulhar no poço! Com vocês: O Chamado.
Boa leitura e não se esqueçam de comentar!

R.


- Um pouco de história: o chamado original!

FONTE: http://www.toptenz.net/top-10-must-see-japanese-films.php/ringu
Antes falarmos sobre o filme, é importante voltar um pouco no tempo e mostrar sua origem: O Chamado é na verdade um remake de um filme japonês chamado "The Ring" (Ringu, na pronúncia nipônica), que por sua vez, é a adaptação de um livro de mesmo nome, escrito por Koji Suzuki. Portanto, vamos começar falando sobre o livro original.

A capa do livro, provavelmente na versão americana (FONTE:http://www.thekamikazemag.com/book-review-ring-by-koji-suzuki/).
Lançado em 1991, a novela é obra de Koji Suzuki, que só tinha escrito um livro anterior a este [ Paradise (Rakuen), de 1990]. Infelizmente eu não li este livro e acredito que a grande maioria dos fãs dos filmes (seja da versão original ou do remake) também no fez isso. Contudo, segundo andei lendo na Internet, a história basicamente é a mesma, mas possui duas diferenças cruciais: o personagem principal é um repórter e não uma repórter (no livro ele chama Kazuyuki Azakawa) e o modo como a história se desenvolve é bem mais lento e menos assustador que nos filmes, parecendo mais uma genuína investigação jornalística do que o terror sobrenatural que permeia os filmes.
O livro foi um sucesso e ganhou duas sequências: Spiral (Rasen) de 1995 e Loop(Rupu) de 1998. Assim como o original, as sequências diferem bastante no modo de conduzir a história em relação ao que acontece nas adaptações cinematográficas: para se ter uma ideia, os livros tentam justificar a maldição como sendo um vírus, acabando com o caráter sobrenatural que os filmes mostram (é aquele mania dos japoneses de quererem explicar tudo cientificamente, que eu já tinha citado em um post sobre Dragon Ball,rs).

Koji Suzuki (1957-), o autor de Ringu (FONTE: http://www.nytimes.com/2004/11/01/books/01suzu.html?_r=0).
De qualquer modo, a trilogia de livros foi um imenso sucesso no Japão e não tardou à ganhar adaptações para outras mídias. Uma curiosidade: segundo li uma vez, Ringu foi primeiro adaptado para a televisão, em um tipo de especial. Posteriormente, foi lançado o filme para os cinemas (ou seja, um remake). De modo que o filme que falarei aqui seria um remake do remake! Rsrsrs. Fora que ainda houve uma adaptação para o cinema coreano (Ring Virus), além das sequências. Ou seja, tem muito material de Ringu por ai,rsrs.
Mas vamos nos concentrar aqui no filme original.

Capa americana do filme original (FONTE:http://www.oocities.org/vicecitysunderground/flix/ringu.html).
Lançado em 1998, "Ringu" teve direção de Hideo Nakata (que posteriormente viria a dirigir a sequência do remake americano, Ring Two) e faz uma adaptação a te certo ponto fiel ao livro original, mas enfatizando mais o terror e o suspense. O filme conta a história da repórter Reiko Asakawa (observem que ela possui o mesmo sobrenome do protagonista original do livro) que investiga uma lenda urbana sobre uma fita amaldiçoada, segundo a qual quem assistir tal vídeo morrerá sete dias depois. O interesse da protagonista aumenta quando sua sobrinha (Tomoko) morre de forma misteriosa e durante as investigações Reiko descobre que ela assistira a fita. A trama vai evoluindo com o espectador descobrindo pouco a pouco as peças do quebra-cabeças que ligam a fita e sua maldição à uma misteriosa garota chamada Sadako Yamamura, que pode ser a chave do enigma.

Reiko Asakawa (Nanako Matsushima) assitindo o vídeo (FONTE:http://aoikuwan.com/2011/03/02/onryou-mediuns-e-ringu-ou-o-chamado-em-japones/).
Uma das minhas grandes frustrações (e que espero diminuir um dia) é não ter assistido o filme original. O pior é que a história é do tipo que só causa impacto quando vista pela primeira vez. Ou seja, nós só temos duas opções: ou conhecemos a história pelo filme original, ou pelo seu remake, uma vez que, tirando um ou outro detalhe menor, a trama principal de ambos (incluindo seu mistério central e até desfecho) é idêntica nas duas versões. Contudo, pelo que ainda lendo em resenhas pela Internet, o "Ringu" original possui um ritmo mais lento que o remake, o que desagradou alguns telespectadores.
O filme de Hideo Nakata foi um sucesso e ganhou duas continuações: Ringu 2 (que assisti) e Ringu 0: Birthday (também lançado no Brasil, mas ainda não assisti). As continuações diferem do rumo dado pelo autor original nos livros e seguem sua própria mitologia, sendo que o último filme é na verdade um prequel, contando mais sobre o passado de Sadako Yamamura. Houve ainda um "filme perdido" chamado "Rasen", lançado quase simultaneamente com o original e que era mais fiel ao livro de mesmo nome. Porém, devido à baixa aceitação do público (pela história sair do clima de terror sobrenatural e mudar para ficção científica), a produtora (Toho Company) resolveu fazer uma nova sequência (Ringu 2) e abolir "Rasen" da cronologia oficial.

Hideo Nakata (1961-), o diretor de Ringu (FONTE:http://www.allmovie.com/artist/hideo-nakata-p271141).
O sucesso do filme alavancou a carreira de Hideo Nakata e também de Koji Suzuki, de forma que outra história sua foi adaptada pelo mesmo diretor: "Dark Water" (2002) é uma adaptação de um conto publicado em uma coletânea em 1996. Curiosamente, "Dark Water" ganhou um remake americano em 2005, com Jennifer Connelly no papel principal e, pasmem, direção do brasileiro Walter Salles (de "Central do Brasil"). Infelizmente o remake não repetiu o sucesso de O Chamado, apesar de ser um bom filme. Talvez isso se deva à semelhança entre as duas histórias (até certo ponto).
Agora, que já fiz esta "breve" introdução, vamos falar sobre o remake?
Ah, quase esqueci: Ringu ganhou uma adaptação em mangá, sendo fiel ao filme e que foi lançada pela Conrad em duas edições aqui no Brasil :D

A capa das duas edições do mangá lançado pela Conrad (FONTE:http://lereincrivel.blogspot.com.br/2012/11/resenha-ring-o-chamado-koji-suzuki.html).

- Hollywood descobre Ringu: o remake!

Rachel Keller (Naomi Watts) assistindo o vídeo (FONTE:http://cinema10.com.br/materias/os-melhores-filmes-de-terror-de-todos-os-tempos).
No comecinho dos anos 2000, Hollywood passava por uma de suas habituais crises de criatividade: os filmes de terror estavam em baixa e as ideias repetidas predominavam. Até que um grupo de produtores resolveu voltar seus olhos para o Oriente e descobriu aquele que diziam ser um dos filmes mais assustadores da época. De olho no sucesso de "Ringu" e tendo em vista a mentalidade até certo ponto xenofóbica dos produtores americanos, ao invés de simplesmente comprar os direitos de distribuição da película, os produtores resolveram fazer um remake com atores americanos. A produtora responsável pelo remake foi a poderosa Dreamworks e a direção ficou à cargo do polonês Gore Verbinski (responsável pelo blockbuster Piratas do Caribe). Para a protagonista, aqui chamada de Rachel Keller, foi escalada a atriz Naomi Watts (que mais tarde seria a donzela do remake de King Kong). O filme ainda tinha a participação do experiente Brian Cox ( Coração Valente, Manhunter). O filme foi um sucesso estrondoso, rendendo aproximadamente 130 milhões de dólares e ficando entre os dez mais vistos de 2002.
Mais do que o sucesso e o retorno financeiro, O Chamado foi o responsável por introduzir no Ocidente os conceitos de filmes de terror Oriental: espíritos vingativos, maldições, clima focado no terror psicológico. Foi também o primeiro de uma série de remakes de outros filmes do Japão e de outros países asiáticos (como O Grito, Visões,etc.). E é exatamente por isso que eu digo que O Chamado é tão importante para a indústria dos filmes de terror: se há um tempo atrás pipocavam nas telas histórias de fantasmas cabeludos e maldições, devemos isso a The Ring (e o Ringu original). Podemos até comparar o "boom" causado por The Ring no Ocidente, com o "boom" dos animes que ocorreu no Brasil com a chegada de "Os Cavaleiros do Zodíaco". Após O Chamado, os filmes de terror nunca mais foram os mesmos (posso tá exagerando, mas acho que não,rs). Está certo que atualmente essa febre dos filmes asiáticos diminuiu consideravelmente, mas podemos reconhecer marcas de sua passagem até hoje, seja em filmes orientais, como nos ocidentais. Simplificando: "The Ring" foi o responsável por abrir os olhos do Ocidente para a qualidade dos filmes de terror orientais e suas histórias originais (de modo similar com o que houve nos anos 80 com os filmes italianos).
Dito isso, vamos agora falar da história de O Chamado...

- "Seven days..."

Katie (Amber Tamblyn) e Rebecca (Rachall Bella) no início do filme (FONTE:http://moviemania-cattyjen.blogspot.com.br/2009/09/ring-2002.html).
O filme começa com duas amigas (Katie e Becca) sozinhas em casa assitindo televisão. Becca (a morena) começa a comentar com Katie sobre uma lenda urbana que está circulando entre as pessoas atualmente. A lenda diz que existe uma fita VHS com imagens (aparentemente) desconexas e assustadoras e, segundo Becca, quem assiste tal vídeo recebe uma ligação onde uma voz misteriosa diz : Seven days... (sete dias). E passados os setes dias... a pessoa morre (intrigante, não?). Inicialmente Katie diz não acreditar na história, mas aos poucos vai ficando nervosa e acaba confessando para a amiga que assistiu a tal fita há uma semana atrás, quando foi visitar um camping com alguns amigos. Diante do nervosismo da amiga, Becca tenta acalmá-la, dizendo que tudo não passa de uma história boba. Porém, mais tarde naquela noite, Katie recebe uma visita nada agradável e tem um fim trágico...

Parece que Katie não gostou do que viu... (FONTE:http://www.neodymsystems.com/ring/truemedia.shtml).
Temos um corte e conhecemos nossa protagonista, Rachel Keller (Naomi Watts). Rachel trabalha como repórter  para uma rede de TV local (o filme se passa em Seattle, se não me engano) e divide seu tempo entre o trabalho e cuidar de seu filho Aidan (David Dorfman). Aidan é a típica criança prodígio dos filmes de terror, que parece ter um dom sobrenatural, além da cara assustadora e a personalidade madura para sua idade. 
Rachel é chamada na escola de Aidan pois a sua professora está preocupada com o estranho comportamento do menino. Ela mostra alguns desenhos para a mãe. Os desenhos só mostram círculos negros e imagens confusas. Rachel não dá bola para isso e acha que está tudo bem.

Rachel e Aidan (FONTE:http://www.unreel.co.uk/reviews/t/The_Ring/index.cfm).
 Contudo, Rachel recebe uma ligação de sua irmã informando que Katie faleceu (Katie era sobrinha de Rachel). No velório, a repórter descobre que sua sobrinha morreu de um ataque cardíaco e seu rosto mostrava uma expressão de medo horrível. Conversando com os colegas da menina, ela descobre que Katie não foi a única à morrer: mais três amigos dela morreram exatamente no mesmo dia e quase na mesma hora. Intrigada com isso, Rachel acaba descobrindo sobre a lenda da fita amaldiçoada com os colegas de Katie e também que ela teria assistido o vídeo junto com os três amigos que morreram. Enquanto isso, Aidan começa a ter visões do espírito de Katie, que o levam até o quarto da menina, onde há um recibo para a revelação de fotos. Rachel pega o recibo e vai buscar as fotos que Katie tinha mandado revelar. As fotos mostram Katie e seus amigos em um chalé (no camping onde ela disse ter ido para Becca). Estranhamente, algumas das fotos mostram os rostos deles totalmente deformados.

FONTE:http://www.allmoviephoto.com/photo/2002_the_ring_009.html
Através das imagens das fotos, Rachel acaba descobrindo onde fica o chalé em que sua sobrinha passou o final de semana e parte pra lá. Chegando no local, ela vê algumas fitas VHS na recepção e uma delas chama sua atenção: uma fita com capa preta e sem identificação. O proprietário do local diz que provávelmente alguém esqueceu aquela fita.
A noite, Rachel assiste o vídeo e descobre ser esta a fita da lenda. O filme mostra imagens em preto e branco, desconexas, nas quais apareceu um círculo (o "Ring" do título original), além de imagens de uma mulher misteriosa e uma garota de cabelos longos assustadora.

Uma das imagens presentes no vídeo (FONTE:http://thehauntologicalsociety.blogspot.com.br/2012/10/the-ring-film-by-gore-verbinski.html).
Para quem quiser ver o vídeo, segue o link Youtube.



Depois de ver o vídeo, o telefone do chalé onde Rachel está toca e uma voz diz: "Seven days...". Assustada, a repórter pega a fita e volta para Seattle.
Acreditando que a chave para a maldição esteja nas imagens presentes na fita, Rachel procura a ajuda Noah Miller (Martin Henderson), o pai de Aidan, que é um videomaker.

Noah se une à Rachel para solucionar o mistério da fita (FONTE:http://movies.zap2it.com/movies/the-ring/photo-gallery-detail/29345/21508).
Apesar do ceticismo de Noah, este concorda em ajudar Rachel a investigar sobre a origem da fita. Logo ele chega a conclusão de que a mesma não foi gravada por "vias normais". Além disso, através das imagens da fita, os dois identificam um farol que pertenceria à um lugar chamado Moesko Island. Ciente de que neste lugar poderia encontrar pistas sobre a maldição, Rachel resolve partir para a tal ilha. Porém, antes disso, a repórter ganha um motivo à mais para resolver o mistério: Aidan acidentalmente assiste o vídeo e agora também é uma possível vítima da maldição!

Aidan assiste a fita (FONTE: http://www.ew.com/ew/article/0,,1021642,00.html).
Em Moesko Island, Rachel encontra pistas que conectam a fita à uma garota chamada Samara Morgan (Daveigh Chase) e sua mãe Anna Morgan (Shannon Cochran), além de conhecer Richard Morgan (Brian Cox).

Rachel encontra Richard Morgan (Brian Cox) (FONTE:http://www.dvdactive.com/reviews/dvd/ring-collectors-edition-the.html).

Rachel descobre que Samara aparentemente possuia estranhos poderes psíquicos e esteve envolvida em eventos que acabaram culminando no fim da família Morgan. De posse destas informações, Rachel corre contra o tempo para juntar as peças do quebra-cabeças e impedir que a maldição se cumpra uma vez mais.
Porém, as suposições de Rachel sobre a maldição da fita e as motivações de quem à causou podem não estar totalmente corretas...

Samara Morgan (FONTE:http://loyalkng.com/2009/04/01/boxxy-ring-samara-beware-moldy-bread-lady/).

- Melhor que o original??

FONTE:http://dietrichthrall.wordpress.com/2010/04/27/ring-3d-confirmed-details/
Em seus 115 minutos de duração, O Chamado imprime na maior parte do tempo um ritmo de "corrida contra o tempo pela sobrevivência": Rachel tem menos de uma semana para tentar resolver o mistério da fita e evitar ser uma nova vítima da maldição. Talvez devido à essa maior ênfase na luta pela sobrevivência da repórter, aliada à uma ou outra cena de susto (na maiorida das vezes, alucinações) aqui e ali que não deixam o clima de tensão e terror morrer, fizeram com que os críticos considerassem o remake superior à produção original. Como já disse, não tive o previlégio de ver "Ringu", mas já ouvi críticas bem duras sobre ele (algumas dizem até que o ritmo do filme é sonolento).  
Uma coisa que chama a atenção no filme é sua fotografia: azulada e "gelada", ela transmite uma sensação de terror que combina muito bem com o filme.
Como também já disse antes, contar muito sobre o filme, principalmente seu final, estraga a surpresa do telespectador (o ato final realmente é surpreendente).
O sucesso do filme gerou uma sequência (Ring Two), mas para esta os produtores americanos resolveram trazer o diretor do original, Hideo Nakata, para a direção. Infelizmente, a sequência não foi tão bem sucedida quanto o original, talvez devido ao desgaste da fórmula e por não adicionar muita coisa nova à mitologia da série.
Bom, só me resta recomendar este filme, que é um dos meus favoritos e ultimamente vejo que anda um pouco esquecido pelos cinéfilos mais novos.
É isso aí! Assistam O Chamado e depois não atendam o telefone,rsrs.
Até mais!

P.S: O dados utilizados na confecção do post foram, em sua grande maioria, retirados dos artigos em inglês e português do filme na Wikipedia, bem como de suas ramificações:
- The Ring (2002): http://en.wikipedia.org/wiki/The_Ring_%282002_film%29 (em inglês)
- O Chamado: http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Ring_%282002%29 (em português).


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