segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Sessão da Meia-Noite #13: Bonecas Macabras (Dolls) (1987)

FONTE:http://image.tmdb.org/t/p/original/p1SZKahdatbNs0ZS96QJIsQPd5u.jpg
Fala moçada! Tudo bem? A última "Sessão da Meia-Noite" trouxe um filme onde o vilão é um boneco ("A Maldição de Chucky") e por coincidência volto agora com outro filme sobre bonecos: "Dolls" (que no Brasil ficou conhecido com o título de "Bonecas Macabras"). Incrivelmente, "Dolls" foi lançado um ano antes da estréia de Chucky nos cinemas. E esse filme tem um sabor especial por ter Stuart Gordon (Re-Animator) como diretor e Brian Yuzna (Society, que já foi comentado aqui no blog) como produtor. Com uma "grife" dessas, eu não podia deixar esse filme passar batido. Então venham comigo conhecer mais sobre essa produção em que os brinquedos não são tão inofensivos.
Boa leitura e não deixem de comentar!
R.
- Um pouco de história: Charles Band e a Empire Pictures.

FONTE:http://horrornews.net/wp-content/uploads/2009/03/Charles-Band-Full-Moon-Features-1.jpg
Charles Band: com certeza os fãs de horror dos anos 80 e 90 têm muito que agradecer à esse cara. Nascido em 27 de dezembro de 1951, Charles é diretor, produtor, escritor, mas sua atuação mais notável foi frente à Empire Pictures e, posteriormente, à Full Moon Features. Ah, como essas duas produtoras me trazem boas lembranças. Ambas foram fundadas pelo próprio Band, que é filho do também cineasta Albert Band e irmão do compositor Richard Band (autor de muitas trilhas dos filmes da produtora). Ou seja, era um negócio de família :D
Inicialmente, Charles e família fundaram a Empire International Pictures, que durou de 1983 até 1992. Entre os filmes lançados por ela estão simplesmente dúzias dos clássicos de terror dos anos 80: "Re-Animator", "Ghoulies", "Do Além", "Troll" e é claro, "Dolls". Os estúdios da produtora estavam localizados em Roma e foi lá que os "monstros sagrados" do horror oitentista se criaram: Stuart Gordon, Brian Yuzna, os atores Jeffrey Combs e Barbara Crampton, sendo esses os nomes mais conhecidos que saíram da Empire.
Em 1992, a produtora teve que ser vendida por conta de dívidas, sendo adquirida pela Epic Entertainment. Atualmente os direitos dos filmes produzidos pela Empire são da MGM.

FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsKCgqfiSD6oXW47YWlcXf2Ds9nobzp6ZlqIQHmDhHdOHTZFaYy3BRaQeKhNfc_1iJgGXTR8cE14ZRIcOZLWRkVWsL_tB35xl3SxLY_kamikVC1FfoJlVIwq0ThKg5c3K50sx__zZWgXQ/s400/3.jpeg
Após esse pequenos revés, Band fundou a Full Moon Features (adoro esse nome :D). Dentre os sucessos da Full Moon, estão as séries "Puppet Master" (que foi inspirada em "Dolls"), "Subspecies" (sobre vampiros, Radu é muito foda,rs), "Demonic Toys" (spin-off de "Puppet Master"), além dos dirigidos por Stuart Gordon "The Pit and The Pendulum" e "Castle Freak" (lançado aqui como "Castelo Maldito").
Diferente da época da Empire, a Full Moon tinha sua sede nos EUA. Band também fez parceria com a Paramount e a Pioneer para lançar seus filmes direto para o mercado de vídeo e Laserdisc (avô do DVD).

FONTE:http://www.geekedoutnation.com/wp-content/uploads/2013/12/maxresdefault.jpg
Em uma grande coincidência (ou não), os filmes das produtoras de Band ficaram conhecidos no Brasil pelo canal Band :P Quem sabe algum executivo da emissora sacou a semelhança e resolveu investir nisso. Inclusive, a Band também lançou alguns desses filmes em VHS.
Atualmente, Charles Band tem investido na Internet, lançando alguns dos seus sucessos por streaming . Além disso, em 2012, ele lançou o décimo filme da franquia "Puppet Master", com o subtítulo "Axis Rising".
Com toda sua contribuição para o gênero, Charles Band e seus estúdios com certeza ficaram marcados no cinema de terror. Tanto que até um livro sobre sua trajetória foi lançado (nos EUA, claro :P). Intitulado "Empire of the 'B's'", o livro é obra de Dave Jay e, pelo que pude ver, reúne além da história dos irmãos Band (e seu pai), detalhes sobre a produção dos filmes de ambos os estúdios. Só de ver já deu vontade de ler esse livro :D

FONTE: http://horrornews.net/wp-content/uploads/2014/01/Empire-of-the-Bs.jpg
Antes de seguir para a análise de "Dolls" devo salientar que apesar de muitos considerarem os filmes da Empire e da Full Moon como "trashes" eles na verdade não têm nada de lixo. São sim filmes "B" (com o perdão do trocadilho :P), mas por terem baixo orçamento e não por serem ruins (depois de ver "Dreamaniac", sei a diferença entre um filme ruim e um feito com poucos recursos,rsrs). Interessante notar que apesar das limitações, a grande maioria dos filmes produzidos por Band e cia são bons. Claro que muita gente pode achar que os efeitos especiais são capengas, mas se formos comprar com outras produções da época, veremos que eles são bem eficientes. E isso fica ainda melhor quando o filme está nas mãos de um diretor bom como Stuart Gordon, que sabe muito bem como extrair o máximo dos recursos disponíveis.
Bom, já que falamos tanto sobre a produtora, é hora de conferir este produto certo?

- Casa de bonecas...

Abertura do filme com legenda em árabe (?) (FONTE:http://i21.photobucket.com/albums/b300/spacemonkey_fg/Blog%20Pictures%20II/Dolls19875.jpg).

Como um bom filme de terror, "Dolls" começa em uma noite de tempestade. Dentro de um carro por um estrada tortuosa segue um casal e uma menininha. Pelos diálogos descobrimos que Judy (a menininha, interpretada muito bem pela lindinha Carrie Lorraine) está em uma viagem de férias com seu pai, o mala David Bower (Ian Patrick Williams) , e sua madrasta Rosemary (Carolyn Purdy Gordon, que esteve em "Do Além"). Conforme as cenas se desenrola, percebemos que não só a madrasta está incomodada com a presença da menina (o que é um lugar comum para madrastas em filmes :P), mas também o próprio pai de Judy a acha um estorvo (ele é um babaca mesmo :P).

Rosemary, Judy e David (FONTE:http://2.bp.blogspot.com/-o5EZRSuEG7w/TVrMMYR9meI/AAAAAAAADSc/d8_D3dUIeBM/s320/Dolls7.JPG).
Após uma cena em que descobrimos o quanto Judy é imaginativa e Rosemary é malvada, a família encontra uma casa que pode servir de abrigo para a tempestade, uma vez que o carro deles acabou atolando.Como ninguém atendia a porta, a família Bower resolve entrar de penetra por uma janela que dá para o porão. Lá dentro eles são surpreendidos pelo dono da casa. Por sorte, apesar da cara assustadora, ele é bem hospitaleiro.
Os donos da casa (FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkBrBAeFFpKyLdKXDMVqnFOKZNOf6MUynqCh1bSTMSXBoS2tSePx3ruvyz99BcwFj6XzNKdlhGLQWkG4oeejSO6Ekku7nMI2KKI1C4MZ_JtSTRmqu17LYZftMYdcQ6gD2nZY5gGjeRdwfF/s1600/a94685142e3774b3f119169883971405.jpg).
Os proprietários do local são Gabriel (Guy Rolfe) e Hilary Hartwicke (Hilary Mason). Gabriel é um fabricante de brinquedos e a velha casa está lotada de bonecas por todos os cantos, para encanto de Judy.
Também fugindo da tempestade, um rapaz e duas punks (no melhor estilo anos 80) também se juntam aos Bower. O rapaz é Ralph (Stephen Lee, que interpretou um policial corrupto em "Robocop 2") e as duas moças são Isabel (Bunty Bailey) e Enid (Cassie Stuart).

As punks (FONTE:http://www.steve-calvert.co.uk/dvd-reviews/imgs/reviews/dolls/2.jpg).
Conforme a noite passa, nos e os personagens descobriremos que essa casa esconde alguns pequenos segredos. E será que alguém vai acreditar na imaginação fértil de Judy?

- Os personagens...

FONTE:http://imageshack.us/a/img7/6407/3ipd.png
O diretor Stuart Gordon trabalha aqui com um conjunto pequeno de personagens (apenas 8) que estão confinados num espaço com as bonecas mau intencionadas. Isso é um exemplo de como superar as limitações financeiras. Claro que isso também é mérito do roteiro, escrito por Ed Naha. Mas Gordon consegue trabalhar a situação com personagens que realmente nos despertam interesse: Judy e Ralph.
A garotinha é de longe a melhor personagem do filme. Esperta e ao mesmo tempo ingênua, Judy é o tipo de criança que conhecemos da vizinhança e rende boas cenas, especialmente quando está do lado de Ralph. O personagem interpretado por Stephen Lee adiciona humor ao filme e mostra que a ideia de bonecos assassinos não deve ser levada tão a sério (algo como fazem com Chucky na série "Brinquedo Assassino"). Fora as piadas corporais de Ralph que são muito engraçadas pelas expressões do ator. E também temos os momentos cômicos relativos ao jeito ingênuo e meio infantil de Ralph, que junto de Judy formam uma dupla por qual desejamos torcer.

Ralph e Judy (FONTE:http://core0.staticworld.net/images/article/2013/04/ns_dolls-100033627-orig.jpg).
As cenas com os brinquedos ficam na maioria das vezes apenas na sugestão e ação off-screen, o que deixa tudo melhor. Quando os bonecos finalmente entram em cena, temos um efeito de stop-motion até que convincente e que não derruba o filme de modo algum. Novamente aqui podemos notar o capricho das produções da Empire e de Stuart Gordon, que mesmo com um baixo orçamento conseguem contar uma boa história.

- Concluindo..

FONTE:http://www.foggyfilms.com/wp-content/uploads/2013/03/Screen-Shot-2013-03-05-at-11.19.34-PM.png
Apesar de não estar no mesmo patamar de outras produções dirigidas por Stuart Gordon, "Dolls" consegue divertir e contar uma boa história em seus 77 minutos de duração. E até mesmo a "explicação" de porque os bonecos ganham vida me parece mais crível do que ocorre com nosso querido brinquedo assassino Chucky (talvez por esse ser um único boneco em um mundo real :P).
Resumindo: mesmo não sendo o máximo que Band e cia limitada têm a oferecer, "Dolls" vale a pena ser visto, pois Stuart Gordon, Brian Yuzna, Charles Band e a Empire International Pictures sempre têm algo para os fãs de terror.
Obrigado pela leitura e até mais!


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