Fala moçada! Tudo bem? Um tema recorrente aqui no blog é "uma boa ideia com uma péssima execução" ou " essa ideia tinha potencial, mas...". Se tem uma coisa que eu prezo muito é a originalidade. Acontece que algumas vezes o pessoal passa do ponto e o resultado tende mais para o campo do bizarro do que o original. Tudo isso para falar de "Michigan: Report from Hell", um exclusivo para PS2 que tentou dar uma nova direção para o gênero survival horror. Será que os produtores tiveram êxito? Vamos descobrir juntos!
Boa leitura e não deixem de comentar!
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R.
- Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão!
FONTE:http://i1.ytimg.com/vi/qn46dpsp56w/maxresdefault.jpg |
"Michigan: Report from Hell" (conhecido apenas como "Michigan" no Japão) é um survival horror lançado em 2004 no Japão e 2005 nos EUA desenvolvido pela Grasshopper Manufacture. O game foi o primeiro "boom" do estúdio. Nesse momento você que nunca ouviu falar do game deve estar falando "que boom??". Acontece que a Grasshopper não exatamente uma produtora "mainstream". Ela se destaca mais pela originalidade de seus títulos do que vendas e popularidade. Para quem ainda não associou o nome a pessoa, um dos cabeças da produtora é Goichi Suda, também conhecido como Suda 51 (Go e Ichi são respectivamente 5 e 1 em japonês). Ele começou como designer na Human Entertainment (criadora da série Clock Tower, que atualmente pertence a Capcom) e é conhecido entre os fãs como um diretor autoral. Isso quer dizer que seu trabalho foge dos padrões da indústria. Dentre seus jogos mais reconhecidos, além de "Michigan", temos "Killer 7", "No More Heroes" e "Lollipop Chainsaw".
O diretor Goichi Suda (FONTE:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9f/Goichi_Suda_-_2202138772.jpg). |
Suda tem uma imensa legião de fãs e é o que eu chamo de diretor "cult". Pois bem, ele na verdade planejou "Michigan", sendo que o diretor do game foi Akira Ueda. Ueda, ao contrário de Suda, tem em seu currículo trabalhos muito mais "mainstream", tendo participado na produção de games como "Final Fantasy IV", "Secret of Mana" e "Super Mario RPG".
A ideia central de "Michigan" lembra muito um sub gênero dos filmes de terror denominado "found footage". Para quem não é fã de filmes de terror, "found footage" são filmes vendidos como se fossem reais, onde a filmagem é feita pelos próprios protagonistas. A tradução do termo seria algo como "filmagem encontrada", o que indica que a fita teria sido encontrada após o fim dos eventos nela retratados. Exemplares famosos desse sub gênero são "A Bruxa de Blair", a série "Rec" e, mais recentemente, a franquia "Atividade Paranormal". Apesar de "A Bruxa de Blair" ter dado um "up" no gênero, os "found footage" já existiam nos anos 80, com os italianos fazendo filmes sobre canibais e vendendo como "fatos verídicos". Voltando ao game... A premissa é a de que o jogador assume o papel de um cinegrafista que está cobrindo um evento misterioso em uma cidade em quarentena.
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O protagonista do game não tem nome e sua aparência só é revelada no final do jogo, sendo que ela muda de acordo com o final que o jogador consegue. Ele faz parte da equipe de reportagem da ZaKa TV. Além do cameraman, a equipe conta com um engenheiro de som chamado Brisco e uma repórter, que a princípio se chama Pamela (vocês vão entender melhor isso depois). A equipe é chamada para cobrir um evento misterioso que levou a cidade de Chicago a entrar em quarentena. Ai aqueles que manjam de geografia dos EUA perguntam "Ué, mas o game não se passa em Michigan?" A resposta é não. O Michigan do título na verdade se refere ao Lago Michigan, que fica na cidade de Chicago. Continuando... A missão do jogador é então desvendar o mistério por trás dos acontecimentos da cidade. Só que logo descobrimos que tem uma "treta" maligna rolando lá e para chegar ao final do mistério a equipe de reportagem primeiro vai ter que lutar pela sobrevivência.
- Dinâmica de jogo
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O jogo é dividido em capítulos (ou fases), onde normalmente temos como objetivo encontrar alguém ou ir até determinado lugar. O tempo todo jogamos com uma visão de "câmera" e basicamente só temos como movimentação andar, filmar e dar zoom, além de empurrar os outros personagens. Isso logo se torna um pé no saco, uma vez que nós não podemos abrir portas, pegar itens, etc. Tudo o que podemos fazer é indicar essas ações para a repórter e torcer para que sua fraca inteligência artificial responda à nossa indicação. Normalmente o gameplay consiste em explorar um recinto até encontrar um item ou local que se focalizado leva à uma ação dos personagens ou revela parte da história do jogo.
Como eu disse antes, inicialmente começamos com Pamela como a repórter. Acontece que cada fase pode ou não trazer uma repórter diferente e tudo depende do jogador. Explico: após um tempo na cidade, a equipe descobre que ela na verdade está tomada por monstros bizarros (como em todo bom survival horror) e eles devem lutar para sobreviver. É aí que entra o esquema das repórteres. Caso uma delas morra durante a fase, na próxima fase ela será substituída por uma nova repórter da ZaKa TV. Normalmente as mortes podem ser evitadas empurrando a repórter ou indicando o perigo para ela. Mas na maioria das vezes elas são tão burras que fica difícil fazer alguma coisa ¬¬
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Além de interagir com os personagens e encontrar pistas, podemos também usar a câmera para filmar as repórteres e de acordo com o tipo de cena que filmamos, podemos obter pontos de uma determinada categoria. Por exemplo, caso o jogador ficar filmando coisas grotescas, como mortes e sangue, ele vai receber pontos de "sensacionalismo". Se ao invés disso ele preferir ficar filmando a calcinha das repórteres e outras cenas "calientes", ele vai receber pontos de "erotismo". Esses pontos é que definem o final que o player vai receber e como será a aparência de seu personagem. Será um gordinho tarado ou um cara frio? Rsrsrs.
Outro ponto diferenciado do gameplay são os combates. Já vou adiantando que eles são muito raros. Mas quando acontecem, tudo que o podemos fazer é guiar a repórter para atacar o inimigo. Temos como exemplo uma luta no shopping, onde a repórter da vez tem uma arma e o jogador deve "mirar" com a câmera no inimigo para que ela possa atirar. Ou seja, para variar nós somos apenas observadores da ação.
- A jogabilidade irritante
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Como eu disse na abertura do post "parece uma boa ideia,mas...". O que mais me frusta em "Michigan" é sua jogabilidade. O fato de não podermos fazer nenhuma ação concreta no jogo (como abrir portas) faz com que fiquemos dependentes da IA das repórteres, que como eu já disse não é nenhuma maravilha. Como resultado não é raro ficarmos um tempão dentro de uma sala tentando fazer com que a moça abra a porta para irmos para o cenário seguinte. Isso é algo que me irrita muito no jogo. Fora também as situações em que devemos salvar a moça de algum monstro e ela simplesmente fica parada na frente dele.
A interação com objetos do cenário também é outro problema. Sei que a exploração é parte fundamental do game, mas muitas vezes os objetos chaves para prosseguir com a história não são nem um pouco evidentes.
O já citado esquema de pontuações por filmagens temáticas também não é nem um pouco evidente e não é sempre que temos liberdade para filmar cenas sangrentas ou cenas eróticas. E já que eu falei em cenas eróticas: fica bem claro que o grande apelo do game é exatamente ficar dando zoom na anatomia das repórteres! Ou seja, esse game é um prato cheio para os tarados de plantão. Para vocês verem como isso não é coisa da minha cabeça, segue uma imagem promocional do game.
FONTE:http://37.media.tumblr.com/a10f73d5dfe743c34c85435fcb49446c/tumblr_mvnxrh5qea1snhn1io3_1280.jpg |
Tsc, tsc, esses japoneses não perdem a mania né?
- Finalizando...
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Apesar de uma premissa original, "Michigan: Report from Hell" causa mais irritação do que diversão. A história é interessante, mas tem um gosto de "eu já vi isso antes" e a jogabilidade limitada acaba atrapalhando a exploração e a imersão no título (por incrível que pareça). Os gráficos também não são nenhuma maravilha e estão bem aquém do poder do PS2. Isso não seria um problema caso o gameplay fosse cativante, mas infelizmente esse não é o caso. Vale mais como uma curiosidade do que um jogo recomendável. Afinal, nenhuma das repórteres se parece com a moça do anúncio promocional acima e ficamos com a sensação de sermos a "câmera" de um Resident Evil da vida :P
Obrigado pela leitura e até mais!
NOTA: 3,0/10 (vamos ser sinceros: tudo não passa de uma desculpa para ver por baixo da saia das repórteres :P)
P.S.: Ao que parece Suda 51 gosta de uma jogabilidade "diferente". Em "Killer 7" temos um "shooter" onde o personagem percorre um "trilho". Ou seja, novamente temos uma jogabilidade limitada :P Será que é bom? Nunca joguei.
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