sábado, 25 de janeiro de 2014

Sessão da Meia-Noite #10: Noroi (2005)

FONTE:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/9/9b/Noroi_The_Curse_1a.jpg

Fala moçada! Tudo bem? Depois de um post sobre um filme tão ruim como "Dreamaniac", vamos falar de um que se "não é assim uma Brastemp", pelo menos tenta fazer algo decente (e consegue claro). Estou falando de "Noroi" (A Maldição) de 2005. Sentem na cadeira e venham comigo ver se estamos diante de uma pérola do horror oriental, ou não :P
Boa leitura e não se esqueçam de comentar!
R.



- A síndrome do fã de terror...

FONTE:http://1.bp.blogspot.com/-HOAOo7hS5QQ/Ts_-EkVbbYI/AAAAAAAAAMA/dfyBHPcdg2E/s1600/noroi.jpg
Podem me chamar de chato, mas é fato: depois de ver muitos filmes de terror, poucas são as histórias que realmente causam medo na gente. Logo, sempre que eu leio que tal filme é "assustador" ou "o melhor filme de terror dos últimos tempos", eu coloco minhas expectativas lá no alto (sim, sou crédulo também :P) e normalmente quebro a cara. Está certo que muitas vezes eu até entendo a empolgação de certos comentários, mas outras vezes sou obrigado a discordar totalmente. Um caso recente foi o filme "Invocação do Mal" (eu até pensei em escrever sobre ele aqui no blog e talvez faça isso um dia). Após ler tantas críticas favoráveis, eu estava pronto para assistir um filme realmente revolucionário e muito bom, como há muito tempo não via. O resultado foi uma enorme decepção: outra história de casa assombrada. O mais estranho é que eu não consigo entender como na opinião de certas pessoas este filme é "o melhor filme de terror da atualidade". Cheguei ao cúmulo de ler que "Invocação do Mal" era melhor que "O Exorcista"! E que a atriz principal merecia um Oscar por sua atuação o_O E o pior é que quando comentei no Orkut (sim, eu ainda uso Orkut ¬¬) que o filme era cheio de clichês e não trazia nada de novo, me responderam que nem todo filme precisa ser original para ser bom e que os fãs de terror são muito chatos e só falam de clichês :S
Vou explicar qual é o problema de clichês: eles entregam o que vai acontecer no filme! Tem coisa mais chata do que adivinhar o final do filme ainda na sua metade? E nós sabemos que a indústria cinematográfica não é exatamente muito criativa, logo, a reciclagem de ideias é constante.
Deixo ser claro: nada contra filmes com clichês! Mas como posso aceitar que um filme que é uma mistura de "O Exorcista" com "Poltergeist" e "Amityville" seja considerado o melhor filme de terror de todos os tempos??
Ufa, desabafei agora >< Mas o que tudo isso tem a ver com "Noroi"? Bom, um pouco sim, pois este foi outro filme que me recomendaram como sendo um "salvador da pátria" no gênero horror e mais precisamente do gênero "found footage" (que para mim já está saturado desde a época da Bruxa de Blair, mas que os produtores de Atividade Paranormal insistem em matar vivo com a ajuda de aparelhos).
Noroi é bom? Sim, é bom, mas não é o "cálice sagrado" dos found footage como muitas críticas apontam. Nem também é o melhor que o cinema de horror japonês tem a oferecer, mas é um filme divertido e que prende o expectador. Ele assusta? Para quem vê filmes de terror há um tempo só posso dizer que não, mas uma ou outra cena nos deixa apreensivo, e a história como um todo também.
Bom, vamos a história...

- Baseado em fatos reais (outra vez)...

A fita amaldiçoada... ops, filme errado :P (FONTE:http://genkinahito.files.wordpress.com/2011/11/noroi-the-curse-tape-header.jpg).
O filme começa com um letreiro e um narrador nos dizendo que o "documentário" a seguir é muito forte para ser exibido para os telespectadores. Ou seja, já começa querendo vender a ideia de que tudo que vamos ver é real. Essa ideia já tá mais batida que limão em caipirinha, mas até que funciona aqui. De fato, eu até acho que se um dia lançarem um filme com material real, ninguém vai acreditar :P Rsrsrs, mas continuando... O diferencial em "Noroi" é que não temos um babaca qualquer filmando tudo que acontece por mero capricho. Tirando uma cena ou outra, tudo que é filmado tem um motivo. O filme é na verdade uma mistura de sequências de várias fontes, principalmente do programa de tevê do personagem principal. Logo, não estamos vendo uma fita originária de uma única filmadora, mas de vários materiais reunidos em um documentário. Esse detalhe pode parecer pequeno, mas pelo menos torna tudo menos ridículo e mais crível que no caso de um "Atividade Paranormal" da vida, onde todo mundo filma tudo o tempo todo :P
A história parte da premissa que o personagem principal, chamado Masafumi Kobayashi (Jin Muraki) é um documentarista especialista em relatar casos sobrenaturais. Kobayashi então anda pelo Japão com sua equipe buscando qualquer relato bizarro para investigar. Admito que a ideia de um programa de caçadores do sobrenatural muito interessante e realmente dá muito pano para a manga, apesar também de ser outra ideia já aproveitada em alguns filmes e histórias.

Nosso herói, o repórter Kobayashi (FONTE:http://www.lassombrasperegrinas.es/wp-content/uploads/2013/11/noroi.jpg).
No começo da fita, Kobayashi está investigando uma família que alega que sua vizinha tem um comportamento muito bizarro. O próprio repórter acaba descobrindo que a tal mulher realmente é muito perturbada quando tenta conversar com ela, mas é expulso aos gritos.
Paralelo a isso, vemos sequências que mostram a história de uma menina chamada Kana Yano (Rio Kanno), uma garotinha com seus 9/10 anos que aparentemente tem poderes sobrenaturais. Ela participa de um programa onde comprova seus dons extrassensoriais. 

Kana desenhando um bichinho estranho (FONTE:http://www.fightbait.com/wp-content/uploads/2010/03/Noroi_Kana1.jpg).
Somos também apresentados a mais dois personagens: a atriz Marika Matsumoto (que interpreta ela mesmo no filme :D) e um maluco chamado Hori (Satoru Jitsunashi). Marika participou de um programa de dois homens que vão a locais assombrados e acabou vendo um espírito lá. Desde então a moça acredita estar amaldiçoada e eventualmente sua história se unirá a investigação de Kobayashi. Já Hori é um homem que todos acreditam ter poderes extrassensoriais. Ele participa de alguns programas, mas seu jeito é bizarro: ele se veste com acessórios de papel alumínio e diz ver "vermes de ectoplasma" que estão por toda parte (isso lembra um pouco as histórias de H.P. Lovecraft, principalmente a história que deu origem ao filme "Do Além", de Stuart Gordon).

Marika no templo assombrado (FONTE:http://hopeliesat24framespersecond.files.wordpress.com/2012/10/noroi04.jpg).
Inicialmente a narrativa de Kobayashi, Marika e Kana ocorre em paralelo, mas logo os três casos começam a se misturar e o ápice é o desaparecimento da jovem Kana, o que leva Kobayashi a colaborar com Hori e Marika.
Pouco a pouco um quebra-cabeças vai sendo montado e tudo parece remeter a lenda de um demônio chamado "Kagutaba" e um ritual que era feito em uma vila chamada "Shimokage". Contudo, descobrimos que a tal vila desapareceu, inundada para a construção de uma represa e agora existem poucas pistas para resolver o mistério.

O malucão Hori (FONTE:http://media.tumblr.com/tumblr_m9uuiquBSJ1rubgmd.jpg).
Essa parte da investigação com certeza é muito boa, contudo, como eu já disse antes, fãs do cinema de horror e de histórias de horror como um todo, vão sentir muitas familiaridades entre o enredo de Noroi e outros enredos. Particularmente se você já jogou algum dos jogos da série "Fatal Frame" da Tecmo, o motivo de tudo estar acontecendo não será tão difícil de se adivinhar. E é aí que entra o que falei na introdução: não é o clichê em si que estraga, mas sim o fato de o mistério começar a se revelar muito antes do que o necessário por conta de já termos visto isso antes.
Reunindo todas as pistas, aqueles espectadores que têm uma certa bagagem em histórias de horror japonesas facilmente podem matar a charada no meio do filme (que tem 115 minutos) o que nos leva a acompanhar o restante da história apenas para ver que final o diretor reservou para os personagens (sendo que alguns são até mesmo revelados no início do filme :P).
Um ponto que eu achei interessante são as intervenções do "narrador" durante o filme: muitas vezes surgem legendas no melhor estilo documentário para dizer o que houve com determinado personagem após a gravação da cena. Isso dá um clima muito legal ao filme e a trilha também ajuda a marcar estes momentos.

- Uma história conhecida, mas outra maneira de contar...

FONTE:http://blackiswhiteblog.files.wordpress.com/2013/07/noroi.png
Mesmo tendo uma história típica de filmes de terror japoneses (poderes psíquicos/fantasmas), o filme dirigido por Koji Shiraishi tem como mérito tentar contar uma história de um modo diferente. Tirando isso, além de uma ou outra ideia, Noroi não ficará marcado como um expoente do gênero terror, ficando atrás de filmes como "The Ring" ou "Ju-On".
É divertido, é interessante, mas ao final ficamos com a sensação de que já vimos tudo aquilo antes e dificilmente uma segunda sessão do filme se torna necessária.
Obrigado pela leitura e até mais!

P,S.: Durante a pesquisa para escrever o post, descobri que um diferencial do filme é que muitos atores interpretaram eles mesmos, como apresentadores de tevê, telejornais, etc. Isso com certeza teria um peso maior se estes fossem bem conhecidos fora do Japão.

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