PRESS START # 8: God Hand (PS2)

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Fala moçada! Tudo bem? Tem vezes em que queremos um jogo que não exija muito da nossa mente, tudo o que queremos é sair por ai quebrando tudo e socando alguns inimigos,rsrs. Coisa rara hoje em dia, o post de hoje vai falar sobre um legítimo "beat'n'up", um game descomplicado e que bebe das origens de clássicos como "Final Fight" e "Streets of Rage". Claro que também temos um toque todo especial de Shinji Mikami e o humor transloucado do Clover Studio. O resultado dessa mistura? Um game super divertido, mas também muito desafiador! Com vocês, "God Hand"!

Boa leitura e não deixem de comentar!

R.

- Shinji Mikami, a treta de Resident Evil 4 e o Clover Studio...

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"God Hand" é um game exclusivo para PS2 (agora disponível também na PSN) produzido pelo Clover Studio e lançado pela toda poderosa Capcom. Mas antes de falarmos do jogo em si, é interessante falar um pouco sobre o Clover Studio e como ele nasceu.

Todo bom fã de games já ouviu falar de Shinji Mikami, o cara por trás dos Resident Evils. Então, acontece que a gênese do Clover Studio está exatamente na relação entre Mikami e a Capcom.

Shinji Mikami com o pôster de seu mais recente trabalho (FONTE:http://images.gameskinny.com/gameskinny/cd1a958617f01001bc616ab9cc1380cd.jpg).

Tudo começou quando a Capcom anunciou o lançamento de Resident Evil 4, que prometia revolucionar a série, para o então novo console da Nintendo, o Game Cube. Mikami foi o garoto propaganda da coisa toda, dando palestras nas principais feiras de games do mundo todo. A Nintendo deve ter pagado uma fortuna para que o próximo capítulo da bem sucedida franquia fosse exclusivo de seu cubo roxo. Mikami estava tão certo que RE4 seria exclusivo do Game Cube que quando um repórter perguntou sobre a conversão do título para o PS2 ou o X-Box (consoles rivais da Nintendo naquela geração), o diretor simplesmente disse que "comeria a cabeça de um chihuahua" se isso acontecesse. Rsrsrsrs, é um zueiro mesmo. Como a maioria aqui sabe o RE4 acabou indo para o PS2, X-Box e até para o PC um tempo depois, o que fez com que Mikami ficasse muito puto com a Capcom. Ele não comeu a cabeça de um chihuahua (pelo menos não que a gente saiba,rs), mas a célebre frase acabou virando piada até em "God Hand", onde tem um cachorrinho da raça mexicana com o nome do diretor.

Pois bem, após essa treta com a direção da Capcom, Mikami ficou tão ressentido por ser visto como um mentiroso que resolveu deixar a empresa e, junto com Atsushi Inaba (outro "fodinha" da Capcom, que trabalhou em inúmeros títulos, inclusive "RE Code: Veronica"), fundar seu próprio estúdio. O resultado foi o Clover Studio.

Atsushi Inaba imitando um gatinho (?) (FONTE:http://cdn-static.gamekult.com/gamekult-com/images/photos/00/00/60/88/ME0000608871_2.jpg).

De acordo com os fundadores, "Clover" vem de "Creativity Lover" ("amante da criatividade") e também as sílabas em japonês "mi" (três) e "ba" (folha) vêm de Mikami e Inaba. Bom, tinha significado para eles :P

Ironicamente, o primeiro game desenvolvido pelo Clover Studio foi justamente uma conversão de um game da Capcom lançado originalmente para o Game Cube: "Viewtiful Joe" para o PS2. Na verdade, o desenvolvimento de "Viewtiful Joe" para o Game Cube foi feito por um grupo de dentro da Capcom intitulado "Capcom 5". Para facilitar o desenvolvimento de "Viewtiful Joe 2" e a conversão do primeiro para o PS2, a Capcom deu sinal verde para que Mikami e Inaba transformassem o "Capcom 5" no "Clover Studio", sendo este um estúdio autônomo que trabalharia para a Capcom.  

Após o lançamento de "Viewtiful Joe 2", o Clover trabalhou em mais dois outros games do herói de roupa vermelha: "Viewtiful Joe: Red Hot Rumble" (2005), para Game Cube e PSP; e "Viewtiful Joe: Double Trouble!" (2005) para o Nintendo DS. Finalmente, em 2006, o pessoal de Mikami teve liberdade para trabalhar em alguma coisa totalmente original. O resultado foi simplesmente um game considerado por muitos como um dos melhores já feitos: "Okami". Lançado para PS2 e Nintendo Wii, o game revolucionou na jogabilidade e nos gráficos, trazendo uma arte similar à pintura japonesa tradicional. Infelizmente nunca joguei "Okami", mas todos consideram ele um game obrigatório para qualquer dono de PS2 ou Wii.

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Após o mega fucking sucesso de "Okami", o Clover Studio lançou o bem menos revolucionário e ambicioso "God Hand"(2006). Este foi na verdade o canto do cisne do estúdio, que foi desmantelado após o lançamento deste jogo. Os membros foram se dispersando em outros estúdios, alguns formando um chamado "Seeds Inc.". Na verdade foi é uma bela bagunça,rsrs, e só Deus sabe onde cada um está agora (zueira, um pouco de pesquisa já mostra, mas não vou me estender muito).

Mesmo durando tão pouco (apenas 3 anos), o Clover Studio deu ao PS2 e ao mundo dos games três títulos incríveis: "Viewtiful Joe", "Okami" e "God Hand". Coisa que muitos estúdios que duram décadas não conseguem,rs.

Mas agora vamos ao jogo!

- Hokuto no Ken, Madmax e muito humor!

Gene e Olivia (FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaqreBqQGaB4Lyq4abgRqLOeQTb6hQZyFezDDyY6vqs8Xi7GYwTiaxdfsydnmiCL175hThaFYUigB4Wq8IuuImy8g-h6J_nqzOuZy6bYMkUwPTq89UMf25M5Bq4io6Pef2QfMEOcdejXw/s1600/god+hand+wallpaper.jpg).

"God Hand" possui uma história das mais simples dos games. O progonista é Gene, um jovem lutador que vaga pelo deserto pós-apocalíptico que virou a Terra após a invasão dos demônios que no passado serviam o Rei Demônio Angra (nada haver com a banda :P). Só que o game não explica isso, pelo menos no começo! Já iniciamos com Gene junto de Olivia, entrando em uma cidade parecida com o Velho Oeste, onde alguns arruaceiros estão incomodando os habitantes. Não demora muito para Gene partir para a porrada e fazer justiça com as próprias mãos. Mais tarde descobrimos que Olivia é na verdade parte de uma família responsável por guardar a chamada "Mão de Deus" (God Hand, no original). De acordo com a lenda, a God Hand pertenceu ao homem que derrotou Angra e traria a paz ao mundo. Olivia andava pela Terra buscando o escolhido para lhe entregar a God Hand e conheceu Gene. O jovem salvou ela de alguns demônios, mas estes deram uma surra nele e cortaram fora seu braço direito. Olivia fica com pena do rapaz e lhe dá a God Hand. Agora Gene tem que andar por aí espancando os demônios que aparecem no seu caminho, todos doidos para matar ele e roubar seu braço. Isso porque de acordo com a lenda, a God Hand pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal, e quem a possui ganha um poder enorme.

Gene usando a God Hand em um demônio qualquer (FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxkWCQr2gVnZv89XvfhmHlzbL-xyBR5-6mNGBGUNq3bBBRCDno4emVHiM0k_ynmHAeXZoZQz9WYhfxbguwqSVM7LRz8Mu_n27807PzE6ZKNq8XHbdLzOxwjhJ4zpP-k3pSganXEnTevycU/s1600/God+Hand+Screenshots+2.jpg).

Mas o que Gene e Olivia não sabem é que um grupo de demônios está interessado em reviver o Rei Demônio Angra. Eles se auto-intitulam os "Quatros Devas" (Devas são semi-deuses do panteão hindu). Liderados pelo sério Belze (único com cara de demônio mesmo, de terno e tudo,rs), o grupo tem ainda Elvis (um demônio gordão que adora fumar um charruto), a sedutora Shannon (parece um succubus) e, por fim, o humano Azel, que possui a God Hand esquerda, o que faz com que ele se chame de "Devil Hand". Os Quatro Devas descobrem a existência de Gene e enviam os mais estranhos tipos atrás dele, alguns sendo verdadeiramente hilários,rs.

Gene pronto pra ação (FONTE:http://i1.minus.com/iecQUy.png).

O clima do game lembra muito dois clássicos dos anos 80: "Mad Max" e "Hokuto no Ken". Apesar que eu acho que a ambientação de "Hokuto no Ken" foi fortemente baseada em "Mad Max". Só que em "Hokuto..." temos as cenas de lutas exageradas que também estão presentes em "God Hand". Sério, o que Gene faz com os inimigos é espantoso! Ele é capaz de lançar eles vários metros ou mesmo socar dezenas de vezes a cara de um desafeto. Isso quando ele não pisa na cara dos inimigos caídos,rsrs, ou pega as mulheres e dá tapas em seus traseiros. É, Gene é um pouco tarado :3

FONTE:http://4.bp.blogspot.com/-5N_U_A0FCgk/UJ1hApfrGzI/AAAAAAAAGoo/bcF3oVyKeVk/s1600/godhandscreen1.jpg

- A jogabilidade...

Gene espancando uma moça :S (FONTE:http://media.edge-online.com/wp-content/uploads/edgeonline/2013/05/GodHand4.jpg).

"God Hand" tem uma jogabilidade "old school". Basicamente só temos que andar e bater em quem aparece pela frente. Para isso Gene conta com um arsenal vasto de golpes. Inicialmente temos apenas alguns movimentos a disposição, mas no decorrer da jogatina encontramos ou podemos comprar novas técnicas. Isso leva à um sistema de customização dos mais complexos que já vi: é possível configurar quais técnicas Gene executa com os botões apertados. Pessoalmente eu não sou de ficar mudando muito isso, mesmo porque algumas combinações podem deixar sua sequência meio "capenga", mas quem tiver paciência pode criar combos arrasadores. Os botões de ataque são o quadrado (que é usado para combos), triângulo e xis. O círculo é reservado para ações (como pegar itens, abrir portas,etc), mas também pode ser utilizado em golpes especiais, quando aparece o ícone na tela e a descrição do que ele fará (como dar vários socos ou pisões em um inimigo, bater na bunda das inimigas ou dar um pilão em algum punk). A movimentação é feita na alavanca esquerda e a direita é a esquiva. Falando nisso, Gene não bloqueia! Isso aumenta em muito a dificuldade do game. Por isso é vital aprender a esquivar!

Gene usando uma das técnicas da "Roulette" (FONTE:http://nowgamer.net-genie.co.uk/siteimage/scale/0/0/287337.gif).

A God Hand deu a Gene duas habilidades muito interessante. A primeira é chamada de "Roulette" e é executada utilizando os "orbs" que ficam acima da barra de tensão de Gene. Ela é acionada com o botão R1. Quando executamos este comando, um menu com algumas técnicas aparece e podemos selecionar uma delas novamente com R1. Quanto mais poderosa a técnica, mais "orbs" ela consome. Caso você não possua nenhum "orb" no momento, não é possível usar nenhuma técnica de "Roulette". Conforme o jogo vai transcorrendo, podemos também comprar novas técnicas e customizar a "Roulette".

A segunda habilidade é a própria God Hand: quando o medidor de tensão de Gene chega ao máximo (este fica acima do medido de vida), podemos liberar a Mão de Deus e deixar o protagonista mais forte e rápido por um tempo. A duração deste "boost" é limitada ao medidor de tensão, que vai se esvaziando conforme o tempo passa. A God Hand é liberada com o botão R2.

Fora isso, ainda temos o nível de Gene. Conforme vamos espancando os inimigos, um medido do lado da figura de caveira na tela vai se preenchendo. Cada vez que ele enche completamente, Gene passa para outro nível, deixando seus ataques um pouco mais fortes. A parte chata e que vai frustrar muitos jogadores é que conforme apanhamos o medidor começa a esvaziar e podemos cair de nível novamente! Acreditem, se manter no nível dois é um verdadeiro desafio!

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Outra coisa que vai irritar muita gente é o sistema de câmera. Nos não temos controle sobre ele! Sinceramente, eu não aceito isso,rsrsrsr. Não em jogos dessa geração, quando a maioria já permitia o livre controle da câmera ><; O que ajuda um pouco é o radar de inimigos no alto da tela, mesmo assim é muito fácil apanhar pelas costas enquanto estamos socando um punk a nossa frente. Outra coisa bizarra é o fato das paredes simplesmente sumirem do cenário algumas vezes! É difícil de explicar, mas algumas vezes Gene está encostado em uma parede e ela some. Isso pode ser uma tentativa de melhorar a visão do jogador, mas no começo é estranho se acostumar com essa característica.

- Variedade na porrada...

Gene batendo em um gorila lutador de luta-livre (FONTE:http://media.edge-online.com/wp-content/uploads/edgeonline/2013/05/GodHand3.jpg).

O game é totalmente linear: avançamos pela fase, socamos punks, encontramos alguns demônios que saem dos corpos deles (que são muito difíceis de derrotar), chegamos no chefe do local e vamos para a próxima fase. Às vezes surgem alguns objetivos na fase, como encontrar chaves para abrir alguma porta, mas no geral é tudo muito direto. Isso não significa que é fácil, pois morrer é uma coisa constante. Sério, o jogo é bem difícil e pode assustar os jogadores menos persistentes. Só que o legal é que ele não é aquele tipo de jogo que quer te ferrar. Se você morrer, pode dar continue quantas vezes quiser e não perde nada de dinheiro, nem parece levar nenhum tipo de penalidade. Por falar no dinheiro, durante as fases coletamos o precioso "gold". Este pode ser usado no intervalo entre as fases para comprar novas técnicas, golpes para a "Roulette" ou mesmo power-ups para o HP, número de técnicas,etc. Além disso, podemos jogar em um cassino (o Video Poker paga bem :D) e treinar nossos golpes com um boneco. É também no intervalo das fases que podemos salvar o game. Ou seja, se não passarmos uma fase, nada de save!

Gene usando a Roulette (na versão alemã :S) (FONTE:http://www.gamesaktuell.de/screenshots/original/2007/01/Playzone_0207_PS2_God_Hand_06.jpg).

Durante as fases podemos encontrar uma diabinha (parecida com uma fada dos jogos Persona :P) que oferece alguns desafios valendo "gold". São todos desafios de tempo, como derrotar vários inimigos ou até mesmo destruir um carro (lembram de Street Fighter II da própria Capcom?). Caso cumpramos os desafios no tempo determinado, ganhamos uma recompensa em gold, mas ficamos com os status adquiridos durante o desafio (como menos vida e menos orbs). Curiosamente, se perdemos o desafio, nosso status permanece o mesmo antes de entrarmos nele :S

- Desafiador, mas divertido...

Gene no cassino (FONTE:http://media.edge-online.com/wp-content/uploads/edgeonline/2013/05/GodHand2.jpg).

Apesar da dificuldade abusiva, "God Hand" pode agradar jogadores que buscam um game descomplicado e para algumas horas de jogatina despreocupada. Ele também pode agradar aos gamers que curtem customizar seus personagens, uma vez que a variedade de golpes permite uma configuração única. Seria até interessante um modo em que dois Genes diferentes poderiam se enfrentar, para ver qual gamer elaborou uma configuração melhor :D

Com um alto senso de humor, "God Hand" é na verdade uma grande homenagem/sátira aos "beat'n'up" de antigamente e com certeza merece um espaço na coleção de qualquer dono de PS2.

Obrigado pela leitura e até mais!

NOTA: 7,5/10 (pode afastar alguns pela simplicidade aliada a dificuldade elevada, mas com certeza vale a pena pela diversão :D)